Os debates acerca da criação da Liga do Futebol Brasileiro (Libra) seguem movimentando os bastidores dos clubes. Na última sexta-feira, times que não assinaram a Libra se reuniram e formularam uma carta de repúdio aos termos estabelecidos. Quinze equipes assinaram e divulgaram a nota, entre eles, o Cuiabá.
O Dourado e o Fortaleza foram os primeiros a compartilhar o texto, via redes sociais. A principal questão diz respeito aos percentuais de divisão de receitas estipulados para adesão à proposta criada por Flamengo e times paulistas.
“Entre os assuntos debatidos, o mais relevante foi a divisão de receitas de forma que contribua de fato para o aprimoramento da competição, tornando menos desiguais as condições de competitividade atuais”, diz trecho da carta.
Os clubes que assinaram a criação da Libra (Corinthians, Red Bull Bragantino, Flamengo, Palmeiras, Santos, São Paulo, Ponte Preta e Cruzeiro) concordaram com a seguinte divisão de receitas:
- 40% repartido de forma igualitária
- 30% variável por performance
- 30% variável por engajamento e audiência
No entanto, o bloco que inclui o Cuiabá quer uma divisão diferente:
- 50% repartidos de forma igualitária
- 25% por performance
- 25% por engajamento
“Não é aceitável que haja clubes ganhando 6 vezes mais do que outros, enquanto nas melhores Ligas do mundo essa diferença não ultrapassa 3,5 vezes”, diz a nota.
Confira a carta na íntegra:
Clubes das séries A e B discutem contraproposta para criação da Liga
A maioria dos clubes de futebol integrantes das séries A e B do Campeonato Brasileiro segue em seu esforço pela criação da Liga de Clubes e, com esse objetivo, se reuniu na tarde desta sexta-feira para discutir os critérios que nortearão, em bases sustentáveis e justas, o equilíbrio de forças no futuro.
Entre os assuntos debatidos, o mais relevante foi a divisão de receitas de forma que contribua de fato para o aprimoramento da competição, tornando menos desiguais as condições de competitividade atuais.
Os termos aceitos em São Paulo por outros 6 clubes perpetuam o abismo que existe hoje, ao manterem a parte igualitária das receitas em 40%, enquanto nos campeonatos mais bem sucedidos este percentual pode chegar a 68% somando todos os direitos domésticos, internacionais e de marketing, caso da Premier League, por exemplo.
Não é aceitável que haja clubes ganhando 6 vezes mais do que outros, enquanto nas melhores Ligas do mundo essa diferença não ultrapassa 3,5 vezes.
Outro ponto a ser aprimorado é a adoção de premissas que não privilegiem pilares de difícil aferição, em especial ao que tange a engajamento. Tais critérios, na visão da maioria dos clubes que participaram da reunião, apenas perpetuam a posição de superioridade de alguns sobre outros, não dando a oportunidade de maior equilíbrio dos campeonatos.
A criação da Liga entre os 40 clubes será a oportunidade de se mudar efetivamente o futebol brasileiro e esse objetivo não pode se subordinar a interesses individuais de alguns, petrificados há décadas na superioridade de recursos. Sabemos que não seria justo buscar igualdade total de receitas, mas sim equanimidade e melhor distribuição.
O futebol brasileiro não avançará sem que haja um consenso entre os 40 clubes das séries A e B de que a justa distribuição de receitas gerará maiores oportunidades na disputa.
Clubes que assinaram e divulgaram a nota de repúdio aos termos:
- Athletico
- Atlético-GO
- Avaí
- Brusque
- Ceará
- CSA
- Cuiabá
- Fluminense
- Fortaleza
- Goiás
- Náutico
- Operário-PR
- Sampaio Corrêa
- Sport
- Vila Nova
FONTE: olharesportivo
